28 agosto 2006

Opinião: Castelo Branco, cidade de jardins, de repuxos...

Nunca visitei um terminal de autocarros do terceiro mundo, mas quando utilizo o de Castelo Branco, parece que sou transportado para uma cidade qualquer de Marrocos, da Namíbia, do Gabão, ou até da Índia. Num Sábado de Agosto, dia em que muitos emigrantes se preparavam para fazer a sua viagem de regresso a países cujas cidades não têm tantos repuxos como Castelo Branco, a «rodoviária» de Castelo Branco era um caos, não digo dantesco para não cair em lugares comuns, mas lá que parecia o Purgatório parecia...

Uma dezena de autocarros, para além de ocuparem na totalidade aquela rua a que chamamos terminal, entupiram as artérias circundantes, impedindo a circulação viária. Se juntarmos a isto o estado da sala de espera, das casas de banho e das latrinas que fazem lembrar os aposentos dos orcs de Tolkien, apercebemo-nos que a coisa não está lá muito bem pensada.

Quais as principais áreas em que uma cidade como Castelo Branco tem de apostar para se desnevolver? Atrair indústria e investimento, dispor de boas redes viárias e de bons transportes... mas confesso que nunca estive em nenhum terminal de autocarros tão mau como o de Castelo Branco.

Pergunto-me o seguinte: para quê o investimento em túneis mais modestos que os de parques de estacionamento de centros comerciais sem existir grande necessidade para eles? Para quê o investimento na requalificação do jardim, que após as obras, ficou com a linda paisagem desoladora (e dispendiosa) de granito, água e sol, descartando toda a verdura? Porquê estas opções quando nem sequer existe um terminal de autocarros na cidade, limitando-se os passageiros a serem despejados numa rua que tresanda a frango assado, onde circula trânsito e em instalações decrépitas?

Os transportes deviam ser uma prioridade dos responsáveis autárquicos da cidade. Não adianta muito investir em milhares de euros para melhorar a aparência da cidade e não resolver situações incómodas e embaraçosas. Com exemplos destes, a cidade parece alguém que troca todos os dias de camisa, mas não se dá ao trabalho de lavar a roupa interior.